Fim do rodízio de Tocoginecologia
Quando eu era criança eu queria ser obstetra, mas, então, eu cresci.
Lembro-me perfeitamente de olhar pra essa foto de Manoel comigo nos braços, olhar pra mainha e dizer: “Quando eu crescer, quero ser médico de tirar o bebê da barriga.”. E esse pensamento esteve comigo durante muitos dos longos anos vindouros pela frente. De certo modo, a vontade de ser obstetra quando criança foi uma das coisas que moldou a vontade de ser médico quando adolescente. O tempo passou e a vontade de ser obstetra foi sendo substituída por outras coisas e, até hoje, ela não voltou.
Quando eu passei pela disciplina de GO pela graduação, ela não me marcou tanto, foi só mais uma disciplina, mas todas as pessoas ao meu redor diziam que o internato seria diferente, tanto as professoras quanto os alunos que já tinha passado pela rodízio (alguns, inclusive, mudando a sua residência por causa dele). Eu não tinha muita fé.
Porém, confesso que me surpreendi muito positivamente, e, em especial, pela obstetrícia. Cada vez que eu participava de um parto, eu imaginava o quanto a vida é incrível e como cada pequeno detalhe é perfeito. É uma loucura pensar em toda a jornada do desenvolvimento fetal e como, em tão pouco tempo, um novo serzinho está no mundo pelas mãos de alguém que ajudou no processo.
E é esse o nosso papel enquanto médico, ajudar no processo, tentar tornar a longa jornada mais fácil e buscar sempre o melhor para as duas vidas que estão em nossas mãos nesse período.
Termino o rodízio não querendo ser obstetra (acho que minhas outras paixões já estão bem mais consolidadas), mas agradecido por todas as vivências e experiências.
As duas principais lições que levo são de duas grandes obstetras que eu conheço. A primeira, de Luana, que desde muito cedo, de antes de entrar no rodízio, me ensinou a importância de se levar um pouco mais dignidades para as mulheres nesse momento tão esperado, tão desejado e tão especial para elas. Não é preciso fazer muito para impactar na vida delas e tornar o parto um momento inesquecível positivamente.
A segunda, da professora Isabelle Cantídio, que disse que “O pré-natal é o momento que nós, médicos, temos a maior oportunidade de desenvolver uma Medicina preventiva de verdade.”, argumentando que a proximidade que esse momento nos permite com as gestantes proporciona que nós forneçamos tratamento para as doenças atuais, mas, principalmente, informações para prevenir e diagnosticar doenças futuras.
Muito obrigado a todos os residentes e preceptores que nos acompanharam nessa jornada de momentos de loucura (e apenas de loucura pra mim, porque era caos atrás de caos na enfermaria). Muito obrigado à minha dupla, companheira de internato, companheira de vida e futura melhor GO do mundo.
